sábado, 30 de abril de 2011

O ESTADO INTERMEDIÁRIO ( Texto básico I Co 15.12-19)


O nosso estudo abordará a luz da Bíblia o estado intermediário dos mortos, mas antes de falarmos desse assunto entenderemos o que é a vida e falaremos também da ressurreição dos mortos.
Deus é o autor da vida, na concepção secular, vida é o estado de atividade incessante, comum aos seres organizados; tempo que decorre entre o nascimento e a morte; existência (1).
Ainda, vida é o resultado de uma reação em cadeia que, partindo da síntese das proteínas e dos ácidos nucléicos, conduz, mediante modificações físico-químicas sucessivas a formação de estruturas complexas denominadas organismos, assim é vista a vida pela ciência.
Quando começa a vida? Tanto à luz da Bíblia quanto da ciência, a vida começa desde a concepção, desde a formação do ovo ou zigoto (2).
“Os teus olhos viram o meu corpo, ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia” ( Sl 139.16 - Grifo acrescido).
Na ordem da criação, primeiro Deus “criou” a vida vegetal (Gn 1.11,12). Aqui Deus da vida a criação; depois, Deus criou a vida animal (Gn 1.20-22).
O verbo “criar” (heb. “bara”) é usado exclusivamente em referência a uma atitude que somente Deus pode realizar. Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e a substância, que antes nunca existiram.
Criação do homem (Gn 1.26,27), tanto o homem, quanto a mulher, foram uma criação especial de Deus, não um produto da evolução; a evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o desenvolvimento do universo.
Sobre o assunto Donald C. Stamps afirma que a outorga da vida aos seres humanos dessa forma (especial), distingui de todos os demais seres vivos. Deus comunicou de modo específico a vida e o fôlego ao primeiro homem, a vida humana está num nível acima de todas as outras formas de vida.
Disse Deus: façamos (Gn 1.26). O homem não é simplesmente um animal racional, ele é a glória da criação. O homem é composto de duas substâncias (Gn 2.7) - a substância material, chamada corpo, e a substância imaterial, chamada alma. A alma é a vida do corpo e quando a alma se retira o corpo morre.

No mundo existem três tipos de pessoas:
1) Pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo;
2) Pessoas angelicais: Anjos - ordem de seres superiores aos homens (Pr. Severino P. da Silva); e
3) Pessoas humanas: aquele que tem personalidade individual (3).

O homem é um ser trino, ou seja ,é formado de alma, corpo e espírito (I Tesss 5.23 e Hb 4.12). No princípio quando Deus soprou o espírito de vida no corpo inanimado do homem, ele foi feito “alma vivente”.
O espírito faz o homem diferente de todas as demais coisas criadas. Os irracionais têm alma (Gn 1.20, no original) mas não têm espírito. Assim, dessemelhante dos homens, os irracionais não podem conhecer as coisas de Deus (I Co 2.11).
A alma é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano, e comunica-se com o mundo exterior. Originalmente a alma veio a existir em resultado do sopro sobrenatural de Deus. Poderíamos dizer que as plantas têm alma (no sentido de um princípio de vida, mas não é alma consciente). A palavra “vida” é “alma” no original (Gn 1.20).
A alma dos irracionais somente duram na terra, enquanto durar o corpo (Ecl 3.21). É mediante o corpo que o homem é um ser social, um ser religioso e, por meio deles suas obras serão um dia aprovadas ou reprovadas diante de Deus (II Co 5.10).


(1) Dicionário Brasileiro Globo
(2) Jornal Mensageiro da Paz - Abril 2008
(3) Pr. Geziel Gomes - Estudo: “A personalidade do Espírito Santo”.

O homem morreu quando pecou (Gn 2.17), no sentido espiritual, Adão viveu 930 anos (Gn 5.5), no sentido moral e espiritual a morte ocorreu imediatamente. A vida de Deus morreu dentro deles, o pecado destruiu a comunhão espiritual. Adão deu origem à lei da morte.
A morte física é a separação da alma do corpo, do ponto de vista bíblico e filosófico, pela qual o homem é introduzido no mundo invisível. No sentido universal: “cessação do processo vital em um organismo vivo”.
“Ora o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (I Co 15.26).
Na linguagem biológica molecular a morte é definida como “a dissolução da estruturação molecular necessária para o fenômeno vida”.
Num sentido geral costuma-se distinguir dois tipos principais de morte: a morte absoluta e a clinica.
No primeiro caso e a separação definitiva da alma e do corpo (do qual Abel foi a primeira vitima Gn 4.8).
Na morte clínica (MC - morte cerebral) cessação das funções essenciais do corpo, mas não necessariamente “separação da alma e do corpo”.
Um individuo é tido como clinicamente morto quando o seu registro electroencefalográfico é mudo, sinal de que as células cerebrais cessaram de viver.
Quando o coração, a respiração, o sistema nervoso, cessaram a sua atividade, inicia-se o resfriamento do corpo, que tende a atingir a temperatura do ambiente. Cerca de 16 horas após a morte, começa a rigidez cadavérica a partir da mandíbula; o globo ocular sofre um processo de amolecimento e torna-se opaco; em algumas regiões, surgem manchas róseo-azuladas devidas à estagnação sanguínea; a seguir, surgem manchas de coloração esverdeada especialmente nas partes mais baixas do abdome, assinalando o início do processo de putrefação.
Logo após a morte, entram em ação os fermentos celulares que atuam sobre o citoplasma determinando, a *autólise, e os germes provocam os fenômenos de putrefação. * Autodesintegração de células degeneradas.
Essa era a situação de Lázaro, a Bíblia diz que ele estava na sepultura já havia quatro dias (Jo 11.17), Marta disse a Jesus que o local estava cheirando mal (Jo 11.39).

Morte súbita é a que ocorre em pessoa aparentemente sadia no desempenho de suas atividades ou na vigência de doenças que não faziam supor a existência de qualquer perigo de vida. Foi o que aconteceu com o filho da sunamita (II Rs 4.19,20).
Morte lenta é a morte precedida de agonia (diminuição progressiva das funções vitais). Geralmente como conseqüência de alguma patologia (I Rs 1.17), fala do filho da viúva de Sarepta que morreu de uma doença.
Morte aparente é a que se observa quando as manifestações vitais estão reduzidas a tal ponto que aparecem extintas, a ocorrência é rara, mas pode manifestar-se após afogamento, estrangulamento, enforcamento, descargas elétricas, parto laborioso, emoções violentas, etc.

PURGATÓRIO

Segundo Alfredo Scottini definindo a palavra purgatório como lugar onde as almas dos justos com algum pecado ficariam até pagar todas as penas.
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27).

Na doutrina espírita há possibilidade de comunicação de espíritos mortos com os vivos.

O CASO DE SAUL

Na Bíblia (I Sm 28v 1 e ss) está registrado o caso de Saul e a pitonisa de En-Dor que era uma mulher que fazia adivinhação pela invocação dos mortos, ato este extremamente proibido por Deus (II Rs 23.24), essa mulher supostamente intermediava os vivos e a alma dos mortos (médium).
A Bíblia diz que Saul não buscou ao Senhor - I Cr 10.14 , Samuel havia dois anos de falecido e Saul que destruirá os feiticeiros agora buscava uma. No versículo 6 no original o artigo é definido e o verbo é enfático:
“ O Senhor lhe não respondeu, lhe não responde e nem lhe responderá”.
“ Nem por sonhos“, que é uma revelação pessoal de Deus:
“E disse-me o anjo de Deus em sonhos: Jacó! E eu disse: Eis-me aqui (Gn 31.11)
“Nem por Urim” pedras ou objetos que o sumo sacerdote empregava para conhecer a vontade de Deus.
“Nem por profeta” revelação inspiracional da parte de Deus...”O Senhor lhe não respondeu”.
Ora Samuel se encontrava no “seio de Abraão” (Lc 16.22), entendemos que Lázaro estava numa posição acima do rico (Lc 16.23), no texto em questão no versículo 14 diz: “Subiu da terra”.
No versículo 17 ocorre uma falsa profecia, pois sete anos depois é que o reino foi “rasgado” e dado a Davi, antes, reinava Isbosete, filho de Saul (II Sm 2.8).
Em Ap 14.13 diz que os que morrem no Senhor descansam dos seus trabalhos, porque então Samuel diz: “me desinquietaste?”, que fala de agitação e nervosismo.
Portanto, não foi Samuel que ali apareceu, Deus condena tal situação (Lv 19.31) e ele não se contra diz!
No versículo 19 mais um complemento dessa falácia, Saul não morreu no dia seguinte e nem todos os seus filhos morreram. Saul só morreu 10 dias após a consulta morreram três filhos (Jônatas, Abinadade e Melquisua), ficaram três (Isbosete, Armoni e Mefibosete).
Alguns teólogos dizem que este personagem pode ser a morte personificada, e tomam como base Jó 28.22.
A necromante nos versículos 13 e 14 ver “deuses” e depois “um ancião”, Saul “nada viu”, apenas deduziu (contradição). “Envolto numa capa”. Elias deixou a capa. Porque Samuel levaria a dele!? Deus é Deus dos vivos e não dos mortos!

MOISÉS E ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO (MT 9.2-13)

Dr. C.I. Scofield chama esta passagem de previsão do futuro reino. Jesus está em glória, Moisés na glória representa os remidos que passaram pela morte para o reino, Elias na glória, representa os arrebatados.
Pedro, Tiago e João, não glorificados representa naquele momento, Israel na carne no futuro reino. A multidão ao pé do monte representa os que serão introduzidos no reino depois do seu estabelecimento sobre Israel (Is 11.10-12).
Sobre o assunto discorre Carlo Jonhahsson e Ivan Hellstron: “Não falavam com os discípulos, mas com Jesus tratando de sua eminente morte em Jerusalém.
Moisés e Elias foram trazidos por única e exclusiva vontade de Deus (Pr. N. Lawrence Olson). Os mortos estão sob o controle de Deus, o Senhor da vida da morte.

O HADES, O MUNDO INFERIOR, O LUGAR DO FALECIDOS

Em Mt 16.18 Jesus mencionou “as portas do inferno” (Hades no grego), lugar que merece um estado profundo dentro das Escrituras. Este lugar vamos chamar de “o mundo invisível”.
O inferno é o lugar destinado ao suplício das almas dos perdidos. Há quatro palavras traduzidas para inferno, na Edição Revista e Atualizada: Sheol, Hades, Gehenna e Tártaroo.

SHEOL no hebraico o mundo dos mortos. Ocorre 65 vezes ao longo do período do hebraico bíblico. Primeiro, a palavra significa o estado de morte (Sl 6.5). É lugar do descanso final de todos os homens (Jó 21.13). “Sheol” é paralelo às palavras hebraicas para “inferno” (Jó 26.6), “corrupção” (Sl 16.10) e “perdição” (Pv 15.11).
Segundo, é usado para descrever um lugar de existência consciente depois da morte (Gn 37.35). Todos os homens vão para o “Sheol” - um lugar e estado de consciência depois da morte (Sl 16.10).

Hades gr/Seól heb - é o mundo invisível onde estão os espíritos.
Paraíso - onde estão os justo (sig. lugar de delícias).
Queber heb - “sepultura”, “cova” e “túmulo”.
Abaddon heb - abismo
Tartarus gr - inferno
Geena gr - Lago de fogo
Thanatos gr - morte

HADES gr - A região dos espíritos dos perdidos que morrem (mas incluindo os santos mortos em períodos precedentes à ascensão de Cristo). Corresponde ao termo Sheol no Antigo Testamento. Jesus declarou que tem as chaves do Hades (Ap 1.18).

ONDE ESTÁ O HADES? QUEM O HABITA?

Os mortos, é evidente, dividem-se em duas classes: os justos e os injustos. A Bíblia ensina que à morte, a alma e o espírito do homem no caso do injusto, não seguirão imediatamente para o lugar final de castigo, mas sim que irão a um lugar temporário, à espera do juízo do Grande Trono Branco, depois do qual irão para o lugar de suplício eterno, ou seja, o Lago de Fogo (Ap 21.8).
Os Mortos (justos) - Todos os justos, de Adão até à ressurreição de Cristo ao morrerem, suas almas (com a possível exceção de Enoque e Elias), desciam ao “Paraíso”, que naquele tempo constituía, um “compartimento” do “Seól” (Hades no grego). A palavra “Paraíso” é de origem persa e significa uma espécie de jardim. Jesus esteve lá (Ef 4.9), Paulo chama de “região inferior da terra”. Portanto, o Paraiso em que Jesus e o malfeitor entraram estava no coração da terra.
Nesta descida ao Hades (Mt 12.40), Cristo efetuou uma grande e permanente mudança na região dos salvos (Sl 68.18), isto é, nas condições dos justos mortos (Ef 4.9).
Sobre o assunto o nosso irmão Pedro disse: “...pregou aos espíritos em prisão ...” (I Pe 3.19). A palavra usada no original implica em anunciar, comunicar; não pregar, como se entende em homilética.
Os crentes que morrem hoje vão para o Paraíso, só que agora não acha-se mais no Seól e sim no terceiro céu (II Co 12.14), que está na “presença de Cristo” (II Co 5.8) e na presença imediata do Pai (Hb 12.2).

GEHENNA gr - Lugar de suplício eterno (Vale de Hinom), vale fora da cidade de Jerusalém que servia de lixeira da cidade e onde queimavam os cadáveres de criminosos e de animais. Ali sempre havia fogo aceso.
Representa a palavra hebraica Ge-Hinnom (o vale de Tofete), Lago de Fogo que arde com fogo e enxofre, lugar de punição eterna.

TARTAROO gr - Derivado de Tartaros, o mais profundo abismo do Hades. Significa encarcerar no suplicio eterno; precipitar no inferno.

RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

Assim define Boyer: “Ato de ressurgir; regresso da morte à vida“. Os Saduceus não criam haver (Mt 22.23).
O patriarca Jó acreditava na ressurreição: “Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó 14.14). Cristo é o Autor da ressurreição (Jo 11.25).
Em geral os gregos consideravam toda a matéria inerentemente má, por isso rejeitavam a ressurreição, Paulo então escreveu uma carta corrigindo esse erro, não somente dos gregos, mas também dos judeus que acreditavam que cada átomo do corpo sepultado ressuscitaria literalmente (I Co 15.12,13).
O capitulo 15 de I Coríntios é a mais bela síntese bíblico escatológica escrita pelo Apostólo Paulo, tendo como titulo A ressurreição. Alguns fatos descritos por Paulo, nos ajudarão na finalização desse estudo.

1o. Fato: Cristo Ressuscitou (I Co 15.4)
A ressurreição de Cristo é o grande milagre do cristianismo. As mulheres que foram ao sepulcro encontraram o túmulo vazio (Mt 28.6).
Ele aparece a Madalena (Jo 20.11-18); às mulheres (Mt 28.9-10); aos dois discípulos , no caminho de Emaús (Lc 24.13-33); a Pedro (Lc 24.34,35); aos dez discípulos na Galiléia (Jo 21.24-29); aos onze no monte na Galiléia (Mt 28.16,17); a Tiago (I Co 15.7); a uma multidão no Monte das Oliveiras (Lc 24.44-49) e a Paulo (At 9. 3-8).

2o. Fato: Na sua Segunda vinda Os mortos no Senhor Ressuscitarão (I Co 15.23)
Na sua vinda do grego parousia (visita real). É a chamada no conceito teológico de “A Primeira Ressurreição” beneficiando a todos os justos que faleceram até o tempo da segunda vinda de Cristo (Ap 11.18).
“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (I Tess 4.14).
Segundo o relato bíblico, há crentes que não verão a morte e sim o arrebatamento (I Tess 4.17).

3o. Fato: A Morte da Morte (I Co 15.26)
“Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”.
“E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Está é a segunda morte” (Ap 20.14).
“A Segunda Morte”, é a condenação final, distinta da morte física que é a sorte da humanidade inteira. A segunda morte trata-se da morte eterna ou castigo eterno (Mt 25.46).
“...e não haverá morte...”(Ap 21.4), para os salvos do lago, este flagelo da humanidade, não será mais uma ameaça.
Aguardemos firmes por esse glorioso dia em que a eternidade nos dirá: “Sóis bem vindos!”.

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